segunda-feira, maio 21, 2007
O Regresso ao 24 de Abril
Começa a ser preocupante ...
Este ( des ) governo dito socialista liderado por um engenheiro(?) com maioria absoluta - legítima - mas autoritário, autista e de nenhuma sensibilidade social, campeão do desemprego e que resolveu acometer contra tudo o que mexe em Portugal e com a Função Pública em particular tratando-nos como criminosos, criou um espírito de perseguição que se está a enraizar e vai cair em cima de todos com grande força, não tarda muito.
Exemplos???
A notícia de que um bufo da Dren foi fazer queixinhas à directora regional que um professor tinha dito umas piadas às habilitações do 1º ministro !!!
Resultado ... Processo em cima,feito por uma senhora que até em tempos foi delegada sindical.
O que mostra isto???
O tal clima que acima referi acaba por ter os efeitos pretendidos, com os amanuenses do governo a serem mais papistas que o Papa e perseguirem as pessoas, a condicioná-las.E o que mais se seguirá com os novos processos de avaliação.
Além disso, o governo quer saber quem faz greve - direito dos trabalhadores - intimidando e mais uma vez condicionando, embora candidamente diga que é para efeito estatístico.
Disse Governo Socialista???
Salazar certamente estará a rir às gargalhadas. Depois de ter ganho um concurso já antevê o regresso da Censura.
E nós que fazemos??? Vamos deixar???
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3 comentários:
Francisco José Viegas, Escritor
Senhor primeiro-ministro eu não conheço o caso senão pelas páginas dos jornais mas sei que Fernando Charrua é um professor de Inglês requisitado pela Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) e agora suspenso por ter gracejado sobre o processo da sua licenciatura. Mais de meio país, seguramente, fez "comentários" sobre o assunto - graçolas, piadas, anedotas, coisas soezes ou apenas risíveis e imbecis. O senhor sabe. É natural, somos portugueses e conhecemos a injustiça do humor de Gil Vicente, mesmo que o assunto seja tão irritante e tão menor como esse. O tema não é tabu e o senhor mesmo foi à televisão por causa dele.
A responsável pela DREN, avisada por alguém (que achou por bem denunciar o caso, sabe-se lá porquê) achou que o comentário do professor era um insulto ao primeiro-ministro e resolveu suspendê-lo de funções e instaurar-lhe um processo disciplinar, com participação - creio - ao Ministério Público. O que apurará o processo não se sabe ainda, mas prevejo um grande debate sobre o que é e não é insulto e sobre os deveres dos funcionários públicos. A coisa promete. Como em muitas situações semelhantes, vamos ter mais anedotas sobre o assunto. Ele merece.
De acordo com a directora regional de Educação - é, portanto, a posição oficial do Ministério da Educação -, "o Sr. primeiro-ministro é o primeiro-ministro de Portugal" e os funcionários públicos devem-lhe respeito. Ora, nem que não fosse primeiro-ministro. Em declarações ao jornal "Público", Margarida Moreira acrescentou que a sua decisão (a de suspender o professor, a de instaurar-lhe um processo disciplinar e a de participar ao Ministério Público) se deve ao facto de "poder haver perturbação do funcionamento do serviço".
Dado que o processo se encontra em fase de "segredo", uma figura jurídica que serve para tudo, não sabemos que insulto lhe terá Fernando Charrua dirigido, a si, senhor primeiro-ministro, que pudesse perturbar tão gravemente "o serviço". Imagino que o senhor também não saiba. Mas, andando na política há tantos anos, suponho que nenhum insulto lhe deva ser estranho. Basta aparecer na televisão, ter um nome e ocupar um cargo. O senhor sabe como essas coisas se passam. De tudo fazemos uma anedota. O mundo é cruel.
Há, evidentemente, a hipótese de a notícia não ser totalmente verdadeira. Mas não vejo como a directora da DREN confirmou-a e o ministério da Educação não a desmentiu até hoje. Se o processo disciplinar ao professor continuar a correr neste segredo, aumentarão os rumores e as suspeitas. A principal delas, mesmo sendo injusta, é a de que o senhor autoriza o Ministério da Educação, através da DREN, a fomentar o autoritarismo, o culto da personalidade ou a perseguição política a funcionários públicos que contem anedotas sobre José Sócrates.
Seja como for, acho que a directora da DREN se excedeu. Foi mais papista do que o papa e causou-lhe, a si, um problema o de poder passar a haver despedimentos por "delito de opinião", o que é muito grave. O senhor dirá que não se trata de um despedimento mas, na pobre linguagem da pequena política, já se sabe que não basta "ser" - é também necessário "parecer". Ora, isto parece, exactamente, "delito de opinião". Argumentarão alguns que o comentário foi feito "nas horas de serviço" e "nas instalações da DREN"; teria sido assim tão grave que as paredes da DREN coraram de vergonha?
Sei que o senhor primeiro-ministro não concorda com este tipo de perseguições. Não deixe que isso aconteça no seu, e meu, país. De contrário, o senhor será responsável pelo reaparecimento de milhares de pequenos ditadores e papistas, um pouco por todo o lado. Eles detestam-no a si porque o senhor é de uma nova geração de políticos que nasceu para a política já em liberdade; mas aproveitarão a boleia que este caso pode dar-lhes para satisfazer a pequena tentação portuguesa da intolerância.
in JN
E ainda outra:
Um crime Político
Vasco Pulido Valente, no Público
Um professor de Inglês, que trabalhava há vinte anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN) foi suspenso por ter feito um “comentário jocoso” (ou seja, por ter dito uma graçola) sobre a licenciatura de Sócrates.
Para quem não saiba, isto não sucedeu durante a própria Ditadura, que nunca perseguiu ninguém por um “comentário jocoso” sobre Salazar (ou, por maioria de razão, sobre Caetano). Tanto quanto me lembre, o “culto da personalidade” não chegava ao extremo absurdo a que chega hoje. Muita gente ostentava um desprezo público pelo regime e o seu chefe, sem consequências de maior; e duvido que a própria PIDE levasse muito a sério as centenas de histórias que constantemente corriam sobre o “insigne Presidente do Conselho” e sobre a sua governanta e criadora de coelhos, D. Maria.
Ontem e anteontem, Pacheco Pereira e José Manuel Fernandes falaram com indignação e tristeza do “ar que se respira” em Portugal: um “ar” de subserviência, oportunismo, intimidação e medo. Um “ar” que, segundo Pacheco Pereira, não se respirava no Portugal do século XIX e, segundo José Manuel Fernandes, não se respira agora em Inglaterra.
Não era preciso ir tão longe, não se respirava aqui, e há bem pouco tempo, nem com Mário Soares, nem com Jorge Sampaio. Os dois tinham aprendido à sua custa o preço da liberdade. A indiferença de Cavaco perante a transformação do poder democrático de Sócrates num autoritarismo que já nem se esconde ou se desculpa, dá implicitamente o beneplácito de Belém a qualquer abuso e vai contribuindo para calar e “alinhar” o país.
Fernando Charrua, o professor da DREN (por acaso, ou não por acaso, um militante do PSD) é o primeiro português condenado por um crime político, depois do “25 de Abril” ou, se quiserem, depois do “25 de Novembro” (...)
Deste post, acho que vais gostar (na mouche). Assim fossem as opiniões emitidas pelos nossos sindicalistas: lúcidas, inteligentes e precisas:
"Sobre o assunto do processo disciplinar ao professor da DREN, era bom que se visse a floresta e não apenas a árvore. Esse tipo de práticas há muito que dei por elas nas escolas. Mesmo perante casos evidentes de má gestão ou perante opções pedagógicas próximas do barbárie, a maior parte dos professores come e cala. O pior dos processos disciplinares aos professores nas escolas não é a sua efectivação, mas o seu poder persuasivo. Ele paira que nem fantasma omnipresente. É o que os impede de serem racionais e críticos face a tanta estupidez pedagógica. Basta comparar o conteúdo das conversas informais entre professores com o conteúdo dos discursos formais em reuniões. Esta incongruência é um dos aspectos que tipifica os sistemas (sociais, políticos ou institucionais) repressivos, pois a verdadeira e eficaz repressão é a simbólica e não a materializada, como bem se sabe. Acrescente-se à habitual irracionalidade do discurso sindical (quem confunde esse discurso com o «dos professores» erra rotundamente) a pressão populista trazida pelo actual governo, mesclada com a pressão do concurso para professor titular, e veja para onde e como se pode estar a caminhar. Isto arrasta-se há muitos e muitos anos, tanto mais grave quanto maior o poder politicamente correcto supostamente pró-alunos de «cientistas da educação» e psicólogos associados, os ideólogos «ingénuos» de serviço. Já não é a «cortina de ferro» que nos separa do Leste, mas uma cortina de estupidez com o rótulo de «esquerda moderna» que cria barreiras entre nós. O ar já foi mais saudável. Felizmente que numa democracia tudo pode mudar de um dia para outro."
(Gabriel Mithá Ribeiro)
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