quarta-feira, agosto 29, 2007

Jamaica 1 - O Furacão Deane e a Comunicação Social



Estas férias fui à Jamaica e deparei-me com a eventualidade muito séria de ser atingido pelo furacão Deane que, segundo as previsões iniciais iria passar mesmo por cima da Ilha.
Estava na altura hospedado no ClubHotel Riu Negril que teve um notável trabalho, ninguém de lá entrou em pânico, mas desde logo disponibilizaram aos hospedes toda a informação necessária, accionaram o plano de emergência, tinham uma pessoa sempre disponível para esclarecimentos, trataram, calmamente, de preparar o Hotel para a intempérie, tudo sem dramas ou precipitações.Todos sabiamos o que fazer.
No dia previsto para a passagem do Deane desfrutamos de uma excelente manhã de praia, tudo preparado, indicações dos numeros dos quartos onde estava um enfermeiro ou alimentação ( havia no meu pavilhão um quarto com comida e bebidas ), apenas uma anormal corrida à comida do restaurante para levar para os quartos, com algumas cenas ridículas próximas do açambarcamento mas fora isso, tudo bem disposto, sem manifestações de ansiedade.
Quando o tempo piorou recolhemos aos quartos preparados para o efeito segundo as normas - colchões nas janelas atravancados pela mobília - não tivemos falta de luz pois os geradores funcionaram e pudemos ver a TV, estando informados do que se ia passando.
Por sorte, o Deane desviou a rota e só acabamos por sentir um " cheirinho " do furacão, com algumas fortes rajadas e muita chuva forte e violenta, nada de muito especial.
Entretanto, vimos na RTP Internacional as notícias dadas em Portugal e, qual o nosso espanto, escutamos duas entrevistas com dois portugueses que ao falarem do Deane, parecia que estavamos no fim do Mundo, um senhor muito aflito a dizer que ia para a casa de banho, que tinha pouca comida ( se calhar queria serviço à lista ), voz trémula e uma senhora que garantia que TODOS os portugueses estavam concentrados num só Hotel ...Inverdade ... e muitas outras coisas mais ou menos alarmistas. Apenas um terceiro português, por sinal a dois quartos do meu, falou a verdade, que estava tudo tranquilo, sem dramas embora preparados para o pior, mas seguros.
Estas entrevistas causaram espanto entre quem ia circulando pelos corredores à procura de notícias e rede para telefonar pois estavamos preocupados com os familiares e amigos que deveriam estar em pânico depois de ouvirem estas declarações.
E realmente,quando houve rede de novo, eram só chamadas do pessoal de cá a questionar quantas horas de casa de banho tinhamos aguentado, fechados, se tinha sido grave, etc, todos com grande procupação.E não houve nada de grave.
De facto, quem em situações destas fala para a comunicação social, deve ter cuidado pois fala para um país inteiro e alarma os familiares sem necessidade, ampliando aquilo que se passa sem necessidade. Eu agora, em situação similar mas do outro lado, só me vou preocupar a sério depois de chegarem as más notícias - espero nunca aconteça . Até aí, vou dar 50% de desconto. Quem conta um conto, acrescenta um ponto...
De qualquer modo, felizmente que o pior não se verificou e temos todos de ter a consciência de que a acontecer a passagem do Deane pela Jamaica, o mal seria sempre para a Ilha e os seus habitantes pois a maioria dos turistas estavam bem protegidos e seguros nas suas gaiolas douradas "all inclusive" onde não faltou apoio, água, luz e alimentação, mesmo que umas sandes, servidas quarto a quarto, a preceito. E esta é que é a realidade.Ao contrário da dos Jamaicanos.

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