quinta-feira, agosto 30, 2007

Jamaica 2 - Mausoléu Bob Marley




A Jamaica é Reggae, é Bob Marley e, por isso não podia lá ir sem visitar a sua terra natal, Nine Miles e a casa onde passou a infância, regressou muitas vezes escrevendo lá as suas canções e está sepultado.
A viagem foi feita de autocarro com um guia notável, Mr. Martin, um bem disposto jamaicano que ao longo do percurso entra as colinas verdejantes nos foi dando a conhecer a cultura, história e modo de falar tradicional, no meio de muita brincadeira.
Quando se vai visitar um mausoléu, temos a ideia de uma visita circunspecta, de recolhimento e de falar por meias palavras, baixinho. Pois bem, aqui, nada mais errado !!!
Ao chegarmos, antes de entrar no parque da propriedade, murada, o autocarro foi cercado por uma série de rapazes, todos prontos a negociar o produto mais consumido ... Ganja ( marijuana )... Imensos a fumam, imensos a vendem por todo o lado...
Depois, já no interior, subimos umas escadas e entramos num terreiro com a casa das recordações, uma decepção, tshirts e outro material fraco, de mau gosto e muito dele feito... na China, sem nada de especial, nem para trazer aos amigos.
Mas o melhor estava para chegar, com o aparecimento do guia que calhou ao meu grupo, um Rastafari chamado Benjie, uma personagem...
Rasta, de uniforme, uma garrafa de água na mão e alguma ganja já fumada, o homem pôs-se logo a dançar e a cantar, começando as explicações terminadas geralmente em sonoras gargalhadas. " Ya Mon ", Rastafari..., dizia ele... Mais piadas, a rir, aos saltos, o mesmo se passando com outros grupos guiados por idênticas figuras.
Junto ao quarto de Bob Marley, com a sua cama original - garantida - as letras das músicas que conhecemos passaram a fazer sentido, cantadoas pelo Benjie, que apontava aos locais certos e depois nos fazia cantar a todos ..." I wanna love you and treat you well ( ... ) We share the shelter of my single bed. ".Entretanto um óptimo cheiro e erva pairava no ar resultado de uma série de visitantes que assim celebravam Bob Marley.
E neste ambiente quase surreal lá continuamos, agora no local onde a família cozinhava e de novo todos . " No Woman no cry ( ... ) I remenber when we use to sit ( ... ) than we would cook cornmead porrigge ".
Sempre nesta pedalada e depois de termos entrado no Mausoléu onde Marley está, sepultado acima da terra,cara virada para o sol que entra por uma clarabóia com os vitrais nas cores rastafari, num envólucro de mármore e acompanhado da sua guitarra,uma bola de futebol, a bíblia e ... marijuana, anunciou Benjie alto e bom som no meio de mais uma sonora gargalhada, passamos a um pequeno memorial onde se lê " Bob Marley Live " onde em conjunto cantamos " One Love, one heart, Let's get together and fell alright ".
E assim terminou uma visita inesquecível, não própriamente pelo que se viu mas pelo ambiente de loucura que se cria neste espaço de comunhão, celebração da música, da alegria e do espírito deste grande músico.
Lá nos despedimos do Benjie " Ya mon, respect, no problem " e saímos com pena mas completamente IRIE, palavra que em Jamaicano quer dizer em estado de felicidade.
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Imperdível

quarta-feira, agosto 29, 2007

Jamaica 1 - O Furacão Deane e a Comunicação Social



Estas férias fui à Jamaica e deparei-me com a eventualidade muito séria de ser atingido pelo furacão Deane que, segundo as previsões iniciais iria passar mesmo por cima da Ilha.
Estava na altura hospedado no ClubHotel Riu Negril que teve um notável trabalho, ninguém de lá entrou em pânico, mas desde logo disponibilizaram aos hospedes toda a informação necessária, accionaram o plano de emergência, tinham uma pessoa sempre disponível para esclarecimentos, trataram, calmamente, de preparar o Hotel para a intempérie, tudo sem dramas ou precipitações.Todos sabiamos o que fazer.
No dia previsto para a passagem do Deane desfrutamos de uma excelente manhã de praia, tudo preparado, indicações dos numeros dos quartos onde estava um enfermeiro ou alimentação ( havia no meu pavilhão um quarto com comida e bebidas ), apenas uma anormal corrida à comida do restaurante para levar para os quartos, com algumas cenas ridículas próximas do açambarcamento mas fora isso, tudo bem disposto, sem manifestações de ansiedade.
Quando o tempo piorou recolhemos aos quartos preparados para o efeito segundo as normas - colchões nas janelas atravancados pela mobília - não tivemos falta de luz pois os geradores funcionaram e pudemos ver a TV, estando informados do que se ia passando.
Por sorte, o Deane desviou a rota e só acabamos por sentir um " cheirinho " do furacão, com algumas fortes rajadas e muita chuva forte e violenta, nada de muito especial.
Entretanto, vimos na RTP Internacional as notícias dadas em Portugal e, qual o nosso espanto, escutamos duas entrevistas com dois portugueses que ao falarem do Deane, parecia que estavamos no fim do Mundo, um senhor muito aflito a dizer que ia para a casa de banho, que tinha pouca comida ( se calhar queria serviço à lista ), voz trémula e uma senhora que garantia que TODOS os portugueses estavam concentrados num só Hotel ...Inverdade ... e muitas outras coisas mais ou menos alarmistas. Apenas um terceiro português, por sinal a dois quartos do meu, falou a verdade, que estava tudo tranquilo, sem dramas embora preparados para o pior, mas seguros.
Estas entrevistas causaram espanto entre quem ia circulando pelos corredores à procura de notícias e rede para telefonar pois estavamos preocupados com os familiares e amigos que deveriam estar em pânico depois de ouvirem estas declarações.
E realmente,quando houve rede de novo, eram só chamadas do pessoal de cá a questionar quantas horas de casa de banho tinhamos aguentado, fechados, se tinha sido grave, etc, todos com grande procupação.E não houve nada de grave.
De facto, quem em situações destas fala para a comunicação social, deve ter cuidado pois fala para um país inteiro e alarma os familiares sem necessidade, ampliando aquilo que se passa sem necessidade. Eu agora, em situação similar mas do outro lado, só me vou preocupar a sério depois de chegarem as más notícias - espero nunca aconteça . Até aí, vou dar 50% de desconto. Quem conta um conto, acrescenta um ponto...
De qualquer modo, felizmente que o pior não se verificou e temos todos de ter a consciência de que a acontecer a passagem do Deane pela Jamaica, o mal seria sempre para a Ilha e os seus habitantes pois a maioria dos turistas estavam bem protegidos e seguros nas suas gaiolas douradas "all inclusive" onde não faltou apoio, água, luz e alimentação, mesmo que umas sandes, servidas quarto a quarto, a preceito. E esta é que é a realidade.Ao contrário da dos Jamaicanos.