quarta-feira, janeiro 23, 2008

A Avaliação dos Profesores



Relativamente a este tema crucial para a profisão docente permito-me publicar, com a devida vénia um texto de reflexão sobre o assunto do Dr. Matias Alves que resume muito do que todos nós, os da classe, pensamos. Aqui vai...

" A Avaliação de Professores é impossível à luz do Decreto Regulamentar hoje
publicado.

Por José Matias Alves, Gondomar, Portugal
Professor do Ensino Secundário. Mestre em Administração Escolar.
Investigador. Docente convidado pela UCP. Doutorando em Educação (políticas
educativas e administração educacional).

Já receava (embora não o desejasse)! A Avaliação de Professores é impossível
à luz do Decreto Regulamentar hoje publicado.

Com efeito, no capítulo dos prazos, o artigo 34º diz que as escolas
(agrupamentos) têm 20 dias úteis - isto é, até 7 de Fevereiro - para
elaborar e aprovar (em Conselho Pedagógico) os instrumentos de registo de
avaliação, tendo em conta as recomendações que forem formuladas pelo
Conselho Científico para a Avaliação de Professores. Ora, o CCAP não está
constituído e está muito longe de poder estudar, aprovar e formular estas
recomendações que permitam o trabalho prescrito para o Conselho Pedagógico.

Segundo, também até 7 de Fevereiro, o CP tem de elaborar e aprovar os
indicadores de medida que permitam verificar até que ponto e de que modo os
avaliados atingem os objectivos a que se propõem. Ora, provavelmente em
muitos casos, isto será manifestamente impossível.

Terceiro: até 21 de Fevereiro cada professor terá de elaborar os objectivos
da sua acção individual e estes devem ser acordados com os avaliadores
(coordenador de departamento e presidente do conselho executivo). O
enunciado pressupõe que o Projecto Educativo de Escola esteja em condições
de ser uma referência concreta e objectiva para a acção (na maioria dos
casos estima-se que o não seja - o que obriga a um demorado trabalho de
pensar, negociar, acordar, comprometer...- ). Por outro lado, acordar
significa negociar, chegar a acordo. Em muitos casos, é materialmente
impossível.

Quarto: ainda neste ano lectivo os coordenadores de departamento e o
presidente do CE têm de programar (com a obrigatória implicação de cada
professor) a observação de duas aulas. Para observar as aulas têm de estar
aprovados pelo CP os instrumentos de observação de aulas, que por sua vez
devem obedecer ás orientações do CCAP. E aqui, há três
problemas: muitos coordenadores (talvez a larga maioria) não têm condições
objectivas para negociar, preparar, observar e relatar as duas aulas
observadas . Não têm tempo, não há tempo. Depois, não têm os ditos
instrumentos. E finalmente, a imperativa delegação de competências para a
observação de aulas só se pode fazer após despacho ministerial. Isto
é: esta planificação nunca se poderá concretizar, na melhor das hipóteses,
antes do 3º período.

Resultado: a melhoria dos resultados dos alunos vai passar para segundo
plano. O objectivo central passa a acessório e secundário. Todo o tempo vai
ser usado a fazer de conta que se faz.

A não ser que prevaleça a posição sensata: as escolas demonstrarem que as
normas decretadas são impossíveis de aplicar nos prazos estabelecidos. E
usarem este tempo para prepararem uma avaliação séria e credível e que
esteja de facto ao serviço de melhores resultados dos alunos e do
desenvolvimento profissional."


E que faz a classe???
Toma e embrulha, aceita como facto consumado esta realidade e dá tiros nos pés não se revoltando, não boicotando, não questionando, agindo como um bando de carneiros, em vez de exigir que as coisas sejam feitas como deve de ser e não a meio de um ano lectivo e à pressão. Há até aqueles que para ficarem bem na fotografia ministerial, quais amanuenses ou elfos domésticos que foram feitos para obedecer à voz do dono se empoleiram no alto das suas cátedras e antes que o ministério diga alguma coisa já tem tudo prontinho a funcionar e a implementar de qualquer forma acenando orgulhosamente às chefias...
A nossa classe e os nossos representantes, os sindicatos, são mesmo assim, uma tristeza e um deserto de ideias.
Sugiro que leiam aqui num excelente Blog as críticas muito acertadas de outro professor, João Tilly,em relação e este asunto.
Colegas ... ainda estamos a tempo ... Vamos agir. Todos.
E usen a imaginação porque essa ainda vai sendo a nossa liberdade.

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