quinta-feira, maio 13, 2010

A questão da conservação do Património Mineiro em S Pedro da Cova



Hoje no jornal Público saiu uma notícia e um interessante filme sobre o assunto com imagens e entrevistas ao Presidente da Junta de Freguesia, Dr. Daniel Vieira e a antigos mineiros, bem interessante.
Deixo aqui a transcrição da notícia e o link para o filme.
Finalizo dizendo que é muito bom que este assunto esteja sempre em cima da mesa a ver se as coisas vão avançando.

link para o fime aqui.

"Gondomar pede ao Governo que assuma construção de museu em São Pedro da Cova
Por Mariana Pinto

Apesar da classificação recente do Cavalete do Poço de São Vicente, não há uma solução à vista para a preservação deste importante património industrial do Grande Porto

A Câmara de Gondomar espera que o Governo assuma a musealização da memória mineira de São Pedro da Cova. Naquela freguesia, há património público em completa ruína e degradação. O Cavalete do Poço de São Vicente e todo o complexo mineiro que o rodeia estão votados ao abandono há cerca de 40 anos, altura em que o petróleo destronou definitivamente o carvão e precipitou o fecho das minas. A primeira batalha foi vencida em Março, quando o Igespar (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico) classificou - passados quase 14 anos da abertura do processo - o espaço como património de interesse público (ver caixa). Mas a "guerra" parece estar ainda longe do fim.

A Câmara Municipal de Gondomar "vai solicitar ao Ministério da Cultura que se digne adquirir ou proceder à expropriação do património em causa, que pertence a particulares, e desenvolva um projecto, no âmbito da rede nacional de museus, de dinamização museológica da actividade mineira, em S. Pedro da Cova", explicou o vereador da Cultura da Câmara de Gondomar, Fernando Paulo. A autarquia pretende ver ali um equipamento que integre as vertentes "patrimonial, cultural, científica, social e de atracção turística", acrescentou.

Sem fim à vista

A recuperação do espaço, agora considerado um "bem público", pode ser feita em parceria com a Direcção Regional de Cultura do Norte, admite a responsável por este organismo, Paula Silva, ressalvando que o trabalho do ministério será sempre no âmbito de "assessoria técnica, projectos e acompanhamento" e nunca apoio financeiro, uma vez que o espaço pertence a privados. "Tem que haver uma conjugação de esforços" entre todos os interessados", desenvolve Paula Silva, lembrando que a responsabilidade de recuperação de um espaço privado tem de ser reportada à tutela, tratando-se de um património classificado: "As pessoas possuidoras de bens, classificados ou não, têm obrigação de os manter intactos".

A propriedade do espaço parece ser mesmo o cerne da questão. E razão mais do que suficiente para o processo se arrastar por mais alguns anos. Não por falta de abertura à negociação por parte do proprietário, Jorge de Sousa, que garantiu ao PÚBLICO já ter feito, mesmo antes da classificação do complexo, "várias sugestões à Câmara de Gondomar", que envolviam até a "construção de um centro social para a terceira idade".

Jorge de Sousa mostrou-se aberto à possibilidade de vender os terrenos, ressalvando que acredita que a solução possa passar por uma "parceria", que lhe possibilite adquirir "capacidade construtiva" numa parte do espaço, ficando o restante terreno salvaguardado para a "implementação de um projecto cultural". O proprietário diz ainda que a Câmara de Gondomar chegou a receber verbas para isso [construção de um museu],"mas decidiu aplicá-las noutras áreas", facto que a autarquia desmente.

O Cavalete do Poço de São Vicente encontra-se num elevado estado de deterioração e o presidente da Junta de Freguesia de São Pedro da Cova, Daniel Vieira, receia que a classificação seja, na prática, um passo sem significado, lamentando: "Sabemos que da classificação à recuperação vai um passo inquantificável". E chama a atenção para o facto de o caso não ser inédito em Portugal: "Não faltam monumentos neste país - e no Porto, em particular - que foram classificados e acabaram por ruir".

Consciente de que "o investimento na preservação do património cultural não é uma prioridade" para o Governo, Daniel Vieira diz-se um "optimista céptico" em relação a esta questão. É que, defende, "à boleia da crise, esta é uma das áreas que mais cortes levam".

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