O meu 25 de Abril - 35 anos depois

Hoje decidi estar presente na inauguração da curiosa exposição " Olhares do Passado " patente no Museu Mineiro de S. Pedro da Cova. A organização está mesmo de parabéns.

Fui lá não só pela curiosidade de ver as fotografias expostas que retratam a dura realidade da vida nas Minas, mas também porque me pareceu importante, por issso mesmo, comemorar a data da Revolução num local onde se deram muitas lutas contra a opressão, a exploração e a injustiça.

A verdade é que tive um enorme prazer em estar presente, em ouvir a Banda de S. Pedro da Cova - eu gosto de Bandas - e até me emocionei quando foram tocados o Hino do MFA e a Grândola Vila Morena sobretudo ao reparar, perto de mim, num senhor já idoso, de bengala e cravo ao peito e que escutando as musicas atentamente, tirou o boné quando estes dois trechos históricos foram entoados. Não sei porquê mas reparei muito nele e uma lágrima traiçoeira mas discreta fez-me coçar disfarçadamente a vista.

Depois, também nas instalações do Museu Mineiro tive oportunidade de escutar os discursos de várias personalidades ligados à efeméride onde pelo menos num caso o orador fazendo juz ao espírito de Abril, não foi políticamente correcto e chamou os bois pelos nomes incentivando à luta e ao inconformismo.

De facto estamos atravessar uma fase muito má da nossa democracia, a precisar de um bom remédio que tem que passar de novo pelo reanimar do espírito de luta e de militância das pessoas, muito descrentes e apáticas, pois o aburguesamente que se deu sobretudo depois da nossa entrada na U. E. e o controlo das mentes pelos governos retiraram à população a sua irreverência e sentido de luta.

Além disso há que dar uma vassourada urgente nos políticos profissionais e nos partidos - o pior da actual democracia - e promover a regionalização.

Confesso ... já há muito que não participava numa celebração desta data de uma forma tão sentida.

Chamou-me no entanto à atenção que na maioria esmagadora da assistência a juventude primava pela falta de comparência. Sinal preocupante que é necessário resolver também.